Fragmentos de memórias
O texto a seguir é uma crônica de minha autoria com cenário de memórias infantis e realidade atual do lugar onde brincávamos no imenso terreiro
Todos haveremos de ter momentos de glórias e dor. De aplausos, orgulho, honrarias e lamentos.
Não há vitórias sem sofrimento, não há luz sem escuridão, a guerra é interna e contínua…
A riqueza contrasta a miséria e a pobreza: a solidão e as memórias de momentos alegres, hoje perdidos na esperança vazia.
Que triste cama, que grande casa oca, que varanda enorme sem brinquedos, sem infância correndo, sem relógio que marque o tempo que voa.
Sem bola que quebre os vidros da janela, sem pique-esconde, sem bonecas espalhadas no chão, apenas um balanço sem movimento e sem peso, pendurado à uma árvore da imensa propriedade. Todos estão indo embora…
O leite e as vacas, o curral, o enorme pasto verde ficou estático. Só o gado e a mulher sozinha, ruminam.
As planícies e os morros, o brejo magro secou aos poucos. O veneno matou o mato e as espécies sumiram.
As terras e nada, nada, nada. Apenas a saudade, as lágrimas e a dor. A dor do vazio constante e o silêncio na enorme casa de fazenda.
A fome e a gula tão perto. A luxúria e a frieza da libido. Tudo e nada. A adolescência da puberdade e a velhice decadente. Toda alegria se foi e ficou o descontentamento.
Fragmentos de memórias do tempo que não volta, nem por um momento.
Fofo: Ilustração