Hipocrisia, eu não dou conta, chega de “feliz ano novo” com clichês e atitudes medíocres!
Eu não sou blogueira, nem canhota, sou uma pessoa que penso e falo, “logo existo”. Não tenho paciência com hipocrisia…
Chega ser pedante a hipocrisia de muitos, nestes dias. E eu, sinceramente, não dou conta. Este talvez seja o último texto de opinião do ano e aproveito para falar o que eu penso, sem rodeios para com as palavras.
Até às 00h00 deste dia 31, vamos ter nossa galeria do celular repleta de lixo. De mensagens prontas que se repetem com sorrisos largos em fotos e velhos clichês: “Feliz ano novo”, “Próspero ano novo”, “Saúde e paz!!!”
Quantas destas passaram o ano atacando as pessoas, ignorando o outro, se negando ao abraço, aos gestos de amor ao seu próximo, muitas debochando dos diferentes.
Pensa como deve ser dolorido para uma pessoa que sofreu um acidente, teve a cabeça do fêmur triturada e foi necessário substituir por uma prótese total de quadril, conviver com deboches e piadas. Agora, pense mais um pouco, quanta dor sente esta pessoa que a prótese desgastou e o parafuso se quebrou depois de uma queda na cozinha, dentro de casa.
Não bastasse a dor e demora do SUS para lhe conceder a substituição desta prótese e de uma cirurgia, esta mesma pessoa chega com dores e mancando à escola para trabalhar, e, como o ser humano é perverso, um colega de trabalho a imita, mancando e debochando da sua condição e dor.
Eu não duvido nada que esta pessoa que a imitou e debochou, não esteja enviando mensagens prontas de feliz ano novo, sucesso e etc… E deverá enviar a mesma para ela, a que chorou de seus deboches.
Eu realmente não dou conta. Então, se você é do tipo que, não ama sua avó, não a visita, é incapaz de em 365 dias do ano ir à casa dela, dormir uma noite apenas, fazer um café e levar um afago, ou ignora o seu avô, os seus pais, não perca seu tempo indo à igreja orar, nem perca seu tem
po me mandando mensagens ou postando nas redes sociais – Feliz ano novo! Mude de atitude, seja menos hipócrita!
Neste sábado, 30, escrevi e veiculei uma matéria sobre a retirada do livro infantil “O Peixinho”, da escritora Fabiani Taylor, das escolas de Vitória – ES. Não, para minha surpresa, várias pessoas, destas que se dizem cristãs e que querem impor seus conceitos e segregações, vomitando receitas de moralidade, defensores do clichês “DEUS PÁTRIA FAMILIA” e “BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO”, sem ler, do livro, uma linha sequer, estes mesmos, repletos de moral e de supostos bons costumes, não criticaram a obra, porque não tem competência para nenhuma crítica, são adeptos dos ataques, da tentativa de golpe, querem a intervenção militar, sem ter a menor noção do que falam. Ah, se enchem de ódio. Como andam estufando seus peitos para usar adjetivos pejorativos: canhota lacradora, induzidora do homossexualismo…
Os ataques no post do jornal no instagram acusam a escritora de querer destruir crianças e valores. Sem sombra de dúvida, estes comentários refletem estupidez, ignorância e reprodução de mentes manipuladas por doutrinadores. Quem está fora da caixinha, para eles, devem ser mortos, exterminados. Não são dignos de habitarem no mesmo planeta onde estão.
Eu só peço, por favor, poupe-me, e não me envie nenhuma mensagem pronta que reflete seus pensamentos cotidianos, carregados de pré-conceitos, de ataques, de xingamentos, de mentiras, de maldade, de hipocrisia. Façam-me um favor, continuem no seu mundo fechado de ódio e vomite suas nojentices para quem está na sua lista de amigos e que falem a mesma língua sua.
Eu quero um ano de esperança, de respeito à diversidade, onde um idoso possa ser amado de verdade, onde uma pessoa que manque não seja ridicularizada, onde um livro não seja censurado por conta de uma letra na dedicatória.
Eu quero 365 dias de amor ao próximo, de humanidade, de menos egoísmo, de menos violência, de não abuso sexual às crianças, de não violência doméstica, de nenhum feminicídio, de nenhum estupro e um ano de menos armas. Eu desejo um ano de mais tolerância, mais coerência e menos hipocrisia.
Enfim, eu desejo um ano de 2024 onde os exemplos de Jesus nos guie e nos ensine a simplicidade dos seus gestos, todos os dias.