História que nem sempre os livros relatam

Os livros de história deixam a desejar com a verdade dos fatos e, por isso, “os causos” contados por pessoas mais velhas às vezes trazem detalhes que ficam escondidos

O historiador, professor e técnico em Arqueologia, Jeferson Mulinari, concedeu uma entrevista exclusiva ao Jornal e falou um pouco dos bastidores da história de Anchieta. Jefinho, é responsável no Centro Cultural pelo resgate histórico da cidade.

Muito do que ele sabe não foi registrado em nenhum livro, pois são segredos que poderiam denegrir a história da cidade que tem uma formação religiosa muito forte, bem como a influência política. “Nós sabemos que o catolicismo era muito forte no Brasil, principalmente na época do império, nos anos da ditadura e da república. Há algumas histórias informais que a gente só descobre em botecos”, disse.

A conversa com o historiador durou três tardes, foram encontros muito bacanas que ele mostrou muitos documentos, fotos antigas, cartas, todas relacionadas a história do município. Confira o bate papo fragmentado sobre diversos momentos desse município que já foi conhecido como Rerigtiba.

 

O império

 

A época imperial em Anchieta foi bastante efervescente. Na época, toda correspondência do Brasil que ia para o Rio de Janeiro, uma era endereçada à Anchieta. E essas correspondências nós temos até hoje no Centro Cultural, arquivadas à espera de um especialista para traduzir e ver uma melhor forma de conservação, são inúmeras cartas. O relacionamento com a Coroa Portuguesa era bem estreito. Cem anos depois da morte de Anchieta, Portugal tentou levar os ossos do padre para lá.”.

 

Figuras importantes passaram por Anchieta

 

  1. Pedro II esteve em Anchieta e dizem que ele levou um pedaço do osso do padre. A chegada dele foi marcada com festas e foi um grande acontecimento. Ele veio no vapor Elisabeth. O povo e as autoridades da vila receberam o imperador com muitas honras, vivas e tiros de foguetes.

Juscelino Kubitschek veio algumas vezes também visitar D. Helvécio. Getúlio Vargas, mandou construir a escadaria em frente à igreja, aquela escada não é original do século XVI como a igreja. Há uma história curiosa em torno de Juscelino contada por algumas pessoas, e quem me contou já morreu, que havia uma ligação entre Juscelino e D. Helvécio. A fisionomia física dos dois realmente era muito parecida, agora qual seria essa relação a gente não sabe. D. Helvécio foi bispo em Mariana e pode-se dizer que a figura mais importante depois do padre foi ele. Segundo consta, a mãe de Juscelino em um determinado período da história, lá em Mariana, teria trabalhado como camareira de D. Helvécio.

 

Escravidão

 

O período de escravidão em Anchieta é acentuado, existem poucos documentos, mas contam alguns, que existia um número grande de escravos por aqui. Em Baixo Pongal, quando o meu avô comprou a fazenda, existia um tronco e ao lado tem uma comunidade toda negra que é São Mateus. Nós tínhamos alguns registros de que em Joeba havia tronco e em Jabaquara também. O período de escravidão aqui foi como em todo o Brasil. Houve também casos de revolta de escravos contra seus proprietários. Nas terras banhadas pelo rio Benevente, sabe-se que mais de uma vez os negros se rebelaram, provocando o pânico entre os seus senhores.

 

A pesca

 

Em Anchieta a pesca foi muito importante, porque os primeiros portugueses que vieram aprenderam com o índios o ofício para se alimentarem.

 

O porto

 

O porto de Anchieta teve também o seu tempo áureo. No período dos séculos XVI, XVII e XVIII porque a região aqui era de águas mansas. Os navios poderiam encostar constantemente que não tinha perigo de ondas e ventos, e era de água profunda pois eles não iriam encalhar, por isso, na região sul foi o porto mais famoso. Era o porto de Vitória e Vila Velha, depois o de Anchieta. A cidade nasceu pelo porto, porque eles desembarcavam aqui pelo mar e hoje vive pelo porto, o da Samarco é o maior particular do mundo e é conhecido mundialmente.

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1 comentário

  • Christiano Ferraço B disse:

    Nossa Reportagem FANTÁSTICA….Parabéns , publiquem maissssssssssssssssssssssssssssss

    Att Christiano Ferraço Beiriz Aarão

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