Izar lança EP Teatro Virtual, debate sobre a extravagância ilimitada e autoritária no ambiente digital
A coletânea vai ao ar no próximo dia 19 de julho, nas plataformas digitais e no YouTube
O professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) José Antônio Martinuzzo escreve o seguinte trecho sobre as redes sociais digitais em seu livro “Ciberbarroco – biopoder na digitalidade”: “Bolha de afetos os mais diversos, do amor ao ódio. Balcão onde se compra e se vende tudo, de uma imagem de si ao fast food que nutre a carne que inspira ilusão nas telas. Marketplace da atenção no negócio das big techs”.
A partir dessa premissa e ao analisar o cenário ilusório vendido pela extravagância dos comportamentos no ambiente digital, o músico e compositor Izar lança nesta sexta-feira (19) o EP Teatro Virtual, com quatro canções, nas plataformas digitais e no YouTube.
O trabalho, com produção do multi-instrumentista e guitarrista de Ed Motta, Thiago Arruda, se ambienta na sonoridade dos anos 80, com influência de Chicago, Marcos Valle, Rita Lee, Roupa Nova e outros grandes nomes, de modo a exercitar o diálogo entre o futuro projetado (anos 80) e o futuro real (hoje).
A primeira canção da coletânea, “Eu Hoje Sou Massa (Suspira)”, é um pop oitentista que expõe, de forma criativa, as características das big techs que controlam o mercado – e, portanto, os comportamentos gerais no ambiente virtual e na sociedade. A Apple evoca admiração suprema; o Google é o nosso deus moderno; a Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp) é a formadora de consciência a partir da cobiça; e a Amazon representa o consumo demasiado e veloz.
Já a faixa-título do EP, “Teatro Virtual”, é inspiração direta do livro de Martinuzzo e da obra de Marcos Valle. Como fio condutor, a relação da arte barroca com o ambiente digital e seus tons exagerados, que dirigem nosso olhar diante da batalha pela atenção: “Sombras e luz, eu quero ostentar e, assim, o seu olhar é o que conduz”, diz trecho da letra.
A música apresenta ainda um belo arranjo de metais, com direção de Bruno Santos, que também tocou flugelhorn e trompete, além das participações de Joabe Reis (trombone) e Roger Rocha (saxofone e um belíssimo solo de flauta).
“A Luz Que Me Guia”, terceira faixa do EP e já lançada como single em 2023, é um “feat” de Izar com o ChatGPT. A pedido do artista, o programa escreveu a primeira parte da letra cruzando informações do próprio Izar, que responde e faz críticas ao robô na segunda estrofe.
Por fim, o EP traz a canção “Romance Digital”, história fictícia de um amor não correspondido nem antes e nem depois da era virtual. O personagem principal encheu-se de esperança ao observar que a musa – ou o muso – de muitos anos atrás estava agora muito próxima com seu perfil nas redes sociais. Os planos falharam novamente.
Izar já está em sua terceira coletânea. Lançou o disco “O Amor, A Escuridão E A Esperança”, em 2018; o álbum Fantástica Realidade, em 2022; e revela ao mundo agora o EP “Teatro Virtual”. O artista há um tempo já incita o debate sobre os comportamentos na internet e a regulação do ambiente digital. Em 2020, sobre o tema lançou o single “Todo Mundo É Mais Famoso Que Eu”; em 2022, trouxe ao mundo “Fake”, manifestação contra as notícias falsas.
Serviço: Izar lança EP Teatro Virtual
– 19 de julho, meia-noite (de quinta para sexta)
– Onde: plataformas de música e YouTube
– Izar no Spotify:
– Izar no YouTube: https://www.youtube.com/@izar_music
Ordem do EP
1- Eu Hoje Sou Massa (Suspira!)
2-Teatro Virtual
3-A Luz Que Me Guia
4-Romance Digital
Ficha técnica
– Composições, voz e guitarra: Izar
– Produção musical, bateria, guitarra, violão e baixo: Thiago Arruda
– Teclado: Lucas Arruda
– Bruno Santos: Arranjo de metais, flugelhorn e trompete (em Teatro Virtual)
– Joabe Reis: Trombone (em Teatro Virtual)
– Rocher Rocha: Saxofone e flauta (em Teatro Virtual)
– Gravação, mixagem e masterização: Igor Comério