Mas afinal de contas, as creches de Piúma têm fraldas para as crianças?
A reportagem do Espírito Santo Notícias foi atrás da informação e visitou as creches na cidade para melhor compreender o debate que se formou nas redes sociais.
Nos últimos dias, surgiu na mídia a notícia de que uma mãe, moradora do bairro Piuminas, em Piúma, teria deixado de levar sua filha à Creche Vovó Genoveva porque lhe foi solicitada uma lista que pedia cinco fraldas diárias. Sem emprego e sem condições de comprar as fraldas, essa mãe optou por não levar a filha ao estabelecimento.
Inicialmente, a diretora da creche citada na notícia procurou o jornal para contar sua versão. O jornal sugeriu que ela pedisse ao mesmo veículo que trouxe a notícia um espaço para esclarecer. Ainda assim, o jornal ES Notícia se comprometeu em apurar os fatos e entrou em contato com a referida mãe.
Elisabeth, ao ser questionada se a direção da creche exigiu as cinco fraldas diárias e condicionou a frequência de sua filha ao educandário mediante uma lista de material, afirmou que não tinha condições de manter 4 a 5 fraldas por dia, por isso não estava mandando a filha para a creche. Disse que é pai e mãe de quatro crianças pequenas e está desempregada. Em casa, ela deixa a filha sem fralda.
“Quando fizeram a reportagem comigo sobre o negócio das fraldas, eu não tinha conversado nada na creche, que eu não tinha condição de levar fralda. Neste ponto, foi um erro meu. Eu era para ter conversado com a diretora que eu não tinha condições de estar mandando fraldas. Eu acho que eles poderiam ter me entendido, mas na hora da preocupação, do sufoco, eu estava desesperada porque tinha acabado de perder o emprego. Eu fui mandada embora por telefone. Eu até joguei na justiça porque trabalhei seis meses sem carteira assinada”, relatou Elisabeth.
A diretora da Creche Vovó Genoveva, Adriana Ferreira da Silva Bassul, foi procurada para falar sobre o assunto. Questionada sobre se uma criança é impedida de frequentar a creche quando os pais não têm condições de levar fraldas, shampoo, creme ou sabonete, ela respondeu: “Jamais a criança deixa de ser atendida. Ela vem, traz o filho e nós temos o mesmo carinho com todas as crianças. Ela vai ter todo apoio necessário, seja de fralda, material de higiene, o município oferta. Não falta nada, seja para quem tem condições ou para quem não tem.”
Adriana explicou que há uma lista opcional onde os pais optam por levar a fralda da marca que preferem, o shampoo, o creme de cabelo ou o creme dental, assim como a escova de dentes ou o sabonete. “Caso não tragam o sabonete ou a fralda, sempre vamos ofertar para a criança que não tenha condições, e mesmo quem tenha, às vezes precisa usar uma ou outra. A gente tem esse amparo, além dos uniformes.”
A reportagem foi também à Creche Vovó Carmelita, no bairro Niterói, e ao Menino Jesus, no Acaiaca, para averiguar os estoques.
Em ambas creches foi constatado que há fraldas, bem como outros materiais de higiene pessoal, como shampoos, creme de cabelo para dois tipos, fraldas, sabonetes, toalhas, uniformes, escovas de dentes, creme dental, entre outros.
“A gente sempre está recebendo material, recebemos uniformes no início do ano, já distribuímos, estamos sempre recebendo materiais de higiene. Os kits foram entregues no início do ano, mas a educação sempre repõe”, explicou Sandra, diretora do Menino Jesus.
Caso os pais não queiram que seja usado no filho a marca da fralda que a escola tem, ou qualquer outro item de higiene, a orientação é que eles tragam de casa.
Na Vovó Carmelita, a reportagem também averiguou se há os materiais de higiene necessários para as crianças. Como em outras creches, a política é a mesma: é entregue uma lista opcional aos pais e eles levam o que preferem que os filhos usem.
“No início do ano, quando o aluno é matriculado, nós explicamos à família que temos uma lista pessoal, opcional, não é obrigatório que a criança traga. Por exemplo, nós pedimos fraldas porque tem criança que usa só um tipo de fralda e o pai não quer que use a fralda da creche. Neste caso, a gente pede para trazer. O município oferece uma marca só, tem pai que não quer que a criança use esta fralda e traz a fralda de casa. Até mesmo sua toalha, seu copo, que pertence à criança”, explicou a diretora da Creche Vovó Carmelita.
As escolas da rede municipal de Piúma oferecem materiais para o coletivo. O shampoo, condicionador, escova, creme dental são de uma única marca. “Não falta material, nosso estoque está cheio, você chegou de surpresa e viu. Estamos abastecidos com todo material e uniformes. Todas as crianças receberam o kit uniforme”, ressaltou Tayane Viqueti de Oliveira.
Anchieta
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Educação de Anchieta para saber como é o funcionamento das creches por lá. A secretaria enviou uma nota ao jornal e afirmou que fraldas o município não oferece. Os pais receberam vouchers no valor de R$250,00 no início de fevereiro, para aquisição de material escolar e uniforme.
“A Secretaria Municipal de Educação, através do almoxarifado SEME, disponibiliza às escolas da rede municipal diversos materiais como: shampoo, condicionador, creme de pentear, escova, sabonete infantil, creme dental infantil, luvas de procedimento, toalhas de banho, colchões, lençóis, fórmulas alimentares infantis. Além disso, para as escolas conveniadas, são destinados recursos financeiros para aquisição dos mesmos, através do plano de aplicação apresentado pelo MEPES.
Contudo, alguns pais têm preferências por marcas ou modelos de determinados produtos. Sendo assim, as escolas orientam que enviem conforme suas preferências.”
Iconha
Iconha não pede nada aos pais. Antes, pediam até material de limpeza, como sabão, água sanitária e papel higiênico, mas isso deu o que falar na cidade.
Os pais levam o material de uso pessoal da criança atualmente, mas antes pediam de tudo. O município não oferece uniformes.
Os materiais como fralda, sabonete, shampoo, creme de cabelo, escova de dentes, creme dental a escola disponibiliza para ocasiões em que os pais não disponibilizam.