OPINIÃO: ainda sobre Karol e karol’s
É importante destacar aqui que o pretérito mais que perfeito não participa do presente, em se tratando do passado da jornalista e a atualidade
Ontem logo após noticiarmos o covarde assassinato da Karoline Evangelista de 27 anos, moradora em um mísero cômodo com um pequeno banheiro, com piso grosso sem reboco nas paredes, em Joacima, as redes sociais se movimentaram. Nos grupos de WhatsApp muitas pessoas compartilhavam o vídeo que fizeram do corpo estirado, morto a pauladas, queimado e com perfurações a bala.
Muitos comentários carregados de condenações e muitas sentenças que me obrigaram a sair da notícia, fria, e partir para produzir uma crônica.
Ficou um nó na minha garganta logo após estar no local dos fatos, onde vi apenas uma fita listrada que isolou a área próximo ao barranco, onde os algozes decidiram pôr fim a triste vida de Carol. É, o corpo já não estava lá, ninguém fotografava mais. Só as marcas de sangue no capim pisoteado.
Eu confesso que até debati, erroneamente com alguns algozes travestidos de gente, em um dos grupos, que a todo tempo, justificava e sentenciava ainda mais o cadáver já sem vida para aquele assassinato tão vil e horrendo.
Insistiam em dizer que Karol roubava, que caçou a morte e só faltou pbater palpas para o assassino e dar a ele o troféu pela limpeza que fez na área.
Parei meu dia ontem para pensar em Karol, aquela menina que algumas pessoas diziam, é ela mesma! Alguns hipócritas sentenciadores defendiam seus pontos de vistas nos grupos e no qual eu participo que ela escolheu roubar, ela escolheu se viciar, ela escolheu morrer! Eu juro que eu tive sorte. Fui conduzida a igreja Batista quando criança, apanhava se ousasse chegar em casa com um lápis que não fosse meu e meu pai, tão correto e honesto não admitia que os filhos saíssem da linha. Eu tive direção, educação, exemplos e a vida me oportunizou estudar, mudar meu destino e escrever minha história. Eu também cheirei cocaína e fumei maconha, me viciei em cigarros, e tive professores, mestres e amores. Tiver libertação, fiz jejum e oração. Eu nasci de novo, bem a beira de um precipício de uma tentativa de suicídio por um amor não correspondido. Eu era para ser nada, foram oito reprovações e muitas condenações… A escrita me salvou…
É, de vítima a culpada pelo seu próprio homicídio. Faxina social – pobre Karol! Se a moda pega e resolve matar todos que roubam, temo que teremos poucos candidatos as eleições vindouras.
E hoje, depois de dizer com todas as letras que a karol foi só mais uma vítima do cruel universo das drogas e da própria sociedade, esta que aplaude bandidos e não se importa com o rico que consome a pedra da mão de um moleque vapor na esquina de uma rua, eu parei para analisar os números.
Na página do Jornal no Facebook pouco mais de 22 mil pessoas foram ao encontro da notícia que narrava o corpo encontrado sem vida. E mais de 28 mil leram a crônica que eu disse o que eu quis dizer. A minha deslavada opinião. E chego agora à conclusão: que, entre a notícia e a crônica, eu prefiro convidar o leitor a analisar os fatos com um outro olhar, não aquele que compartilha o vídeo e a foto de um cadáver de uma mulher desarmada, indefesa e vítima de um demônio travestido de gente. A crônica conduz as pessoas a refletirem o fato, a repensarem o ato e quem sabe, ao invés de atirar uma pedra, abrir os braços para um abraço!