OPINIÃO: O ALGOZ E A VÍTIMA:direitos desiguais
Os condenados, inclusive assassinos e estrupradores têm direito a quatro alimentações por dia, nas marmitas, carne e salada, café da manhã com pão e manteiga, e milhares de chefes de família não tem uma refeição decente, hoje
(texto de opinião)
Zezinho foi covardemente assassinado com oito tiros nas costas na madrugada do dia 04 de outubro enquanto se divertia com amigos em frente a um Quiosque na orla da Praia de Piúma.
Zezinho merecia ter a vida ceifada da forma que foi, pelas costas, enquanto se divertia com amigos? Depois de ter o revólver descarregado, já no chão, levou mais dois tiros, nas costas para não se levantar nunca mais.
Zezinho usava um cordão grosso no pescoço? E daí? Zezinho havia se desentendido dias antes com o seu algoz. E daí? A sentença de morte foi julgada por quem? Quem tinha o direito de matar Zezinho? Quem pode tirar a vida do outro? Quem? senão Deus, quem nos deu a vida.
Pois bem, Zezinho tinha família, tinha amigos, tinha pessoas que o amavam. O pai, até hoje não se conforma, não dorme a noite sem medicamentos. O filho foi tirado dele, por um assassino que se achou Deus e o sentenciou a morte.
No dia seguinte ao crime, a família de Zezinho chorava a morte dele e queria entender o porquê de tanta covardia. Não tem explicações e não há nenhuma justificativa para tamanha crueldade.
Zezinho era um chapeiro sem igual. Talvez um dos melhores na Cidade das Conchas. Ele sabia como preparar um macarrão na chapa como ninguém. E Yakisoba? Dominava os lanches. Tanto é verdade que ele trabalhou durante o verão na Praça de Alimentação, na Avenida Beira Mar, depois da temporada que terminou, ele seguiu com os patrões e outros trabalhadores para diversos estados, como MG, DF, BR, Goiânia e ES. Sabia como montar uma barraca para festa. Tinha disposição para o trampo.
Merecia ter a morte aos 26 anos, Zezinho, com oito tiros pelas costas?
Não, não merecia, e mesmo que tivesse brigado no rock clandestino, no América Pie dias antes, não era motivo para tamanha brutalidade.
Antes do assassinato havia dias que Zezinho não botava a cara pra fora de casa, não estava saindo muito porque o pai estava sofrendo com uma depressão, e ele estava ajudando a cuidar. No último dia de vida, ele chegou a convidar o pai para dar uma volta com ele, mas o pai não quis ir por não estar se sentindo bem.
Naquela noite cruel, um homem vestindo moletom e capuz na cabeça chegou por trás do quiosque, pela praia e já disparando contra Zezinho que caiu de costas na calçada, ele foi alvejado com seis tiros e depois, já no chão, com mais dois que o mataram na hora.
Algumas pessoas avistaram o algoz, o viram cometer o crime. Mas, o nome dele não pode ser noticiado. As autoridades podem ser processadas segundo a Lei 13.869/19 proposta pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Sérgio Moro e sancionada pelo excelentíssimo presidente da República, o senhor Jair Messias Bolsonaro.
Ao jornal sobram ameaças, não pode expor o nome do acusado, ou como desejam, o suspeito. Não, o suspeito é só usuário de drogas. Na casa onde estava escondido, uma pequena porção de cocaína, que, segundo a polícia, quase meio quilo. Mas era usuário.
É isso, o ALGOZ E A VÍTIMA: direitos desiguais. À vítima, restou o funeral, o sepultamento e a sua família: a dor, a saudade e a revolta. Ao algoz, os direitos: Lanche, café com pão e manteiga, quatro refeições diárias, chinelos, coberta, cama, marmita, advogado gratuitamente, visitas intimas, talvez, até mesmo ao auxílio reclusão. Não sei no caso dele, que o último trabalho, ah, deixa por conta da polícia.
Enquanto, neste momento, milhares de chefes de famílias não tem uma refeição se quer, e os filhos já não sentem o cheiro da manteiga há muito tempo.
A jornalista não está aqui dizendo que o Zezinho era um santo, que ele nunca fez nada de errado. A jornalista está afirmando que a lei é injusta. Que parece ter sido proposta por quem pretende cometer crime e não ter a sua caraça na mídia estampada. Parece ter sido proposta para proteger amiguinhos criminosos, como alguns que se vestem de terno e gravata, os famosos colarinhos brancos.