OPINIÃO: parece mentira, mas não é!
Eu, meu marido e meus filhos tivemos corona vírus…
Tudo começou em fevereiro de 2020 quando os rumores chegavam até a Itália do que estava acontecendo na China e eu me lembro como se fosse ontem, eu dizendo para meu marido, prepare-se, tempos escuros estão por vir.
E assim enfrentamos o início da pandemia, no início disseram: “está tudo sobre controle, e depois os fatos falam por si mesmo, mortes para todos os lados, hospitais em colapso, falta de leitos de hospitais, falta de máscara para todos, sem falar na falta de médicos que algumas regiões da Itália enfrentaram e assim a primeira onda passou e Bergamo ainda chora os seus entes queridos como Região mais afetada.
O verão chegou, a liberdade, o respiro fundo, a brisa do mar ou montanhas e todos com expectativas de normalidade.
O problema é que tudo durou pouco, o preço da liberdade custou caro e assim no final de setembro e início outubro a tão temida segunda onda chegou e, nessa onda, também entrou a minha família.
Sim, alguém teve um pouquinho de febre, não deu importância, saiu de casa e teve contato com meu marido que sem sintomas algum trouxe o corona para dentro de casa, quando menos esperava estava eu lá em um leito de hospital orando a Deus para que o pior não acontecesse ( meu menino até então 9 anos começou com febre e um forte cansaço e o hospital considerava a internação).
Foram horas e dias de grande tensão, mas Deus é bom demais para comigo.
Passei dez dias no Hospital G. Grassi de Ostia RM e louvo a Deus por todos que cuidaram de mim.
Da minha cama podia sentir o corre-corre nos corredores, a tensão era no ar, o medo de se contaminar era escondido por trás de cada máscara.
Pareciam todos iguais, todos vestidos de brancos, todos escondidos dentro uma proteção que todo mundo sabe que não é a prova de bala, muito menos 100% a prova de corona, sendo assim, todo cuidado sempre era e tem sido pouco.
Cada doutor, cada enfermeiro, cada colaborador de limpeza falavam de coragem com os olhos porque para enfrentar essa guerra é tudo aquilo que eles precisam e tudo aquilo que ainda precisam para continuar lutando em favor do enfermos e corajosamente em favor dos imprudentes.
Lembro-me até hoje quando agradeci a uma enfermeira por ter sido rápida ao tirar meu sangue ( é muito sofrido por se tirar da artéria,) e ela me olhou nos olhos e disse: “por favor fica boa logo, é o que eu mais quero, mas te peço uma coisa, quando chegar lá fora diga a todos que tudo isso é real e que nós estamos cansados”
Chama-se Francesca, forte, corajosa e muito eficiente no seu trabalho e junto a ela lutam todos os dias os guerreiros do Grassi que se chamam: Laura, Sabrina, Robertinha, Gabriella, Emanuela, Gino, Gabrielle, Martina, Salvatore e tantos outros que agora me falha a memória.
Fica aqui registrado a companhia maravilhosa que tive da senhora Lucia Meoli, hoje amiga e irmã, é lindo porque vencemos juntas a Covid depois de dividirmos 10 dias de hospital e hotel de recuperação para a Covid.
Diz o salmista: “Deus mandará que os anjos dele cuidem de você para protegê-lo aonde quer que você for. Eles vão segurá-lo com as suas mãos, para que nem mesmo os seus pés sejam feridos nas pedras”. Salmos 91:11-12
Quero deixar registrado o meu agradecimento ao Hospital G. GRASSI e a todos os doutores, enfermeiros, pessoal da cozinha e limpeza porque cada pequena atenção fizeram a diferença como Antônio que foi o único corajoso que ao deixar a comida nos vendo sem forças parava para abrir tudo em modo facilitado para nós.
Por que estou contando tudo isso para vocês? Porque eu sobrevivi, contudo, podia ter sido diferente, porque eu me cuidei, e, mesmo assim, o vírus entrou silencioso em minha casa, se não fosse a mão de Deus, meu filho teria ido parar em um Hospital sozinho, sem direito de receber o amor da própria família.
Quando fui parar no Hospital não abracei meus filhos, nem meu marido, a verdade é que eu nem sabia…
Quero aproveitar para mandar um abraço para todos os familiares do guerreiro caído em guerra dias atrás pela Covid, se trata de Raffaele Zagaria, enfermeira do Hospital Grassi, morreu aos 40.
“Esta é a enésima vítima de Coronavírus registrada entre os profissionais de saúde desde o início da pandemia. Os dados parciais do Inail atestam que os contágios no local de trabalho de covid-19 relatados em 31 de dezembro de 2020 eram 131.090, 423 mortos, principalmente (83,2%) e com idade entre 50 e 64 (70,2%). Entre eles, a maioria são enfermeiros”. (dados da Internet).