PAUSAS PARA A POESIA

E depois do carnaval?

 

Depois de festas e folias, aportamos na vida real. Sem máscaras e subterfúgios, temos que encarar a cruel realidade, com todos os seus percalços e suas feridas que latejam todos os dias. Não há mais marchinhas ou músicas de refrão fácil para inventar uma possibilidade ou para nos dá uma frágil certeza de que tudo será diferente. Todos os dilemas e as ausências deixam de serem preenchidos por sorrisos fáceis ou por fantasias de carnaval e, agora, passam a fixar novamente sua residência.

Chegamos à vida real. Voltamos para casa. E engolimos nossa dura realidade. Uma realidade endurecida por ambições, injustiças e sem troféus por participação. Nesta jornada, damos de cara com remendos mal feitos, discursos mal elaborados, líderes incompetentes e pesos que não conseguimos suportar. Há bagagens demais.

As risadas frouxas deixadas na folia não tornam presente um ideal possível de igualdade. Agora, cada um cria seus alinhamentos e suas tentativas de que todas as contas serão pagas, nem que seja por um “bode expiatório”. Cada um agora subverta processos e dilemas, dando graça àquilo que é possível ou é extremamente necessário.

Sem marchinhas que nos conduzam, somos obrigados a abrir estradas, vielas e passagens, como o conhecido refrão: “oh abre alas que eu quero passar”. Temos que passar sem acessos, sem aberturas ou alas que nos abarquem.

Nossos batuques e modinhas transformam-se em ladainhas diárias que somos investidos a ouvir. Ouvimos que nada passa de invenção, mentira bem-criada e verdade mal delineada. Lemos que ainda irá melhorar, que a dor terá remédio e que precisamos plantar mais flores do que cactos.

Dizem que não regamos nosso jardim, por isso a aridez. Por isso que os frutos não nasceram e as flores secaram. E ludibriados pelos carnavais criados por tantos, esquecemos de inventar novos versos, novas melodias para que haja menos quartas-feiras de cinzas.

Dançamos a sons de festa, vestimos fantasias, embebedamos emoções e gargalhamos. Aproximamos de quem gostaríamos de ser, de quem gostaríamos reinventar. Mas, tudo é carnaval, com data certa de fim. E, neste momento, necessitamos sinalizar novos jeitos de alegria, novos universos para que encaremos, sem espelhos, a realidade que já adentrou os seus espaços.

Não podemos refutar nossas complexidades que nos visitam todos os dias, ao contrário, da durabilidade das festas de carnavais. Mas, sem fantasia, ficaria também insustentável acordar. Os sonhos tornam-se nossa brisa diante de tantos dias quentes.

O carnaval, para muitos, é a única certeza da alegria. E alegria é música da alma. É colorido e confetes para a falta de cores e festas que enfrentamos neste cotidiano cada vez mais mascarado. Uma realidade que não nos permite fantasias e nem feriados.

E depois do carnaval?

Depois de festas e folias, aportamos na vida real. Sem máscaras e subterfúgios, temos que encarar a cruel realidade, com todos os seus percalços e suas feridas que latejam todos os dias. Não há mais marchinhas ou músicas de refrão fácil para inventar uma possibilidade ou para nos dá uma frágil certeza de que tudo será diferente. Todos os dilemas e as ausências deixam de serem preenchidos por sorrisos fáceis ou por fantasias de carnaval e, agora, passam a fixar novamente sua residência.

Chegamos à vida real. Voltamos para casa. E engolimos nossa dura realidade. Uma realidade endurecida por ambições, injustiças e sem troféus por participação. Nesta jornada, damos de cara com remendos mal feitos, discursos mal elaborados, líderes incompetentes e pesos que não conseguimos suportar. Há bagagens demais.

 

As risadas frouxas deixadas na folia não tornam presente um ideal possível de igualdade. Agora, cada um cria seus alinhamentos e suas tentativas de que todas as contas serão pagas, nem que seja por um “bode expiatório”. Cada um agora subverta processos e dilemas, dando graça àquilo que é possível ou é extremamente necessário.

Sem marchinhas que nos conduzam, somos obrigados a abrir estradas, vielas e passagens, como o conhecido refrão: “oh abre alas que eu quero passar”. Temos que passar sem acessos, sem aberturas ou alas que nos abarquem.

Nossos batuques e modinhas transformam-se em ladainhas diárias que somos investidos a ouvir. Ouvimos que nada passa de invenção, mentira bem-criada e verdade mal delineada. Lemos que ainda irá melhorar, que a dor terá remédio e que precisamos plantar mais flores do que cactos.

Dizem que não regamos nosso jardim, por isso a aridez. Por isso que os frutos não nasceram e as flores secaram. E ludibriados pelos carnavais criados por tantos, esquecemos de inventar novos versos, novas melodias para que haja menos quartas-feiras de cinzas.

Dançamos a sons de festa, vestimos fantasias, embebedamos emoções e gargalhamos. Aproximamos de quem gostaríamos de ser, de quem gostaríamos reinventar. Mas, tudo é carnaval, com data certa de fim. E, neste momento, necessitamos sinalizar novos jeitos de alegria, novos universos para que encaremos, sem espelhos, a realidade que já adentrou os seus espaços.

Não podemos refutar nossas complexidades que nos visitam todos os dias, ao contrário, da durabilidade das festas de carnavais. Mas, sem fantasia, ficaria também insustentável acordar. Os sonhos tornam-se nossa brisa diante de tantos dias quentes.

O carnaval, para muitos, é a única certeza da alegria. E alegria é música da alma. É colorido e confetes para a falta de cores e festas que enfrentamos neste cotidiano cada vez mais mascarado. Uma realidade que não nos permite fantasias e nem feriados.

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