Piúma: escolas novas e outras sucateadas sobram problemas no início do ano letivo
A Reportagem visitou algumas escolas e o que viu nessas foi descaso com os alunos e os pais que esperam uma educação de qualidade
Piúma tem duas realidades em se tratando de escolas. Escolas novas foram construídas, como a do Portinho, Céu Azul, Lacerda de Aguiar, José de Vargas Scherrer e Creche Vovó Genoveva, estas três últimas, reformadas no final da última gestão e a reforma da escola de Itinga, feita no início dessa administração. Porém, as que estão em funcionamento não podem esperar mais por reformas, pois são problemas a perder de vista.
A Escola de Ensino Fundamental, Manoel dos Santos Pedroza, no bairro Niterói, já passou da hora de ser demolida. A quadra está interditada há anos e ninguém fala em solução. A escola cai aos pedaços, aos poucos as paredes, infiltrações e outros problemas.
A de Ensino Fundamental, Itaputanga, necessita de uma intervenção imediata, pois os paliativos não comportam mais. Na segunda-feira, pela manhã, a Reportagem esteve no local e fotografou o espaço do refeitório e se indignou com o que viu. A mesa despencou junto com a laje do chão, abrindo uma imensa cratera e ainda assim, as aulas iniciaram. Quadros despencando, paredes com infiltrações, parte elétrica danificada, portas quebradas, piso esburacado, etc. A obra precisa sair logo do papel, mas a licitação ainda depende da abertura dos envelopes e do prefeito assinar a ordem de serviço. Pelo andar dos trâmites legais, a obra pode iniciar até meados de março.
A diretora, Sandra Mara Ribeiro, reconhece todos os problemas e disse que já encaminhou diversos ofícios à secretaria de Educação, que lhe responde sempre com ‘vamos resolver o problema em breve’. “A empresa contratada pela Prefeitura para fazer a manutenção nas escolas, justificou que não havia feito o paliativo no refeitório porque a Prefeitura estava devendo uma nota, que não é de serviços prestados à educação e, ela só faria o serviço mediante ao pagamento. Estava prevista para ser paga, ou hoje (segunda-feira), até sexta 12, às 16h, ainda não havia sido paga”, disse a diretora.
De acordo com a diretora, quando perguntada se o secretário sabe dos problemas da escola, ela afirmou que sim. “Conhece, sabe que os alunos estão correndo riscos e que afundou o refeitório. Eu mandei fotos para ele e fui pessoalmente à secretaria. Esteve aqui na nossa escola, o Edmilson, que atua na área de projetos, Evandro, da Ata Engenharia, que já fez até a planilha do serviço para arrumar o refeitório para ter condições de o aluno transitar nas dependências da escola, mas o reparo não havia sido feito até segunda, 15, pela manhã porque a Prefeitura estava devendo uma nota a Ata, e como meio de receber a nota, eles não estão fazendo serviço nenhum, em nenhuma escola, até receber o valor devido”, frisou.
A reforma tem de vir em caráter emergencial, salientou a diretora, conforme a demanda da própria empresa. “A escola não oferece estrutura para atender os nossos alunos do jeito que eles merecem. São muitos problemas, mas não depende de mim. No que depende de mim eu procuro sempre estreitar a relação com o secretário, vou lá converso e no mais eu tenho que aguardar ”, disse Sandra.
Lacerda de Aguiar
Na escola de Ensino Fundamental, Lacerda de Aguiar, onde estudam mais de 850 alunos, duas salas estão sem o forro do teto e a infiltração fez com que, por três vezes consecutivas, o forro fosse consertado, mas mesmo assim, não deu jeito. Uma sala funciona com boa parte sem o forro do teto. Ventiladores quebrados, banheiro entupidos e sem tempero para a merenda. Apenas o básico do básico, sal e água.
A diretora Sandra Boldrini, afirmou que duas salas estão sem funcionar, mas ela precisa do espaço para comportar os alunos. A empresa responsável pela manutenção tem conhecimento do fato, bem como a Secretaria de Educação, mas a solução ainda não veio. As aulas iniciaram com o problema detectado desde o ano passado. “O forro foi retirado para consertar o vazamento do telhado pela terceira vez, mas o problema não é resolvido”, disse.
Na escola Célia Maria, no bairro Itaputanga, o capim e o mato tomam conta da área externa de lazer do educandário e o espaço onde as crianças fazem Educação Física ficou sem as tendas, pois o vento as derrubou e elas permanecem no chão.
Segunda-feira, o transporte ainda não havia sido disponibilizado aos alunos da Escola Célia Maria, e na merenda, sal e água, os temperos, verduras e frutas da Creche Vovó Genoveva e das escolas municipais de Piúma, ainda não haviam sido distribuídos.
Demanda das creches é grande
A Reportagem, no final do ano passado acompanhou a luta de pais e avós por vagas nas creches municipais em Piúma. Na época, muitos pais não haviam conseguido vagas e estavam com os filhos na lista de espera.
Segunda-feira, em visita ao Conselho Tutelar, o conselheiro Gabriel Albani informou que a demanda não para de crescer e, sem expectativa de quando vão conseguir vagas para seus filhos, centenas de pais estão indo ao Conselho pedir que o órgão interfira no processo e solicite ao Ministério Público uma vaga nas creches.
Sobre o problema do desmoronamento do refeitório na Escola Itaputanga, o conselheiro disse que estaria visitando na mesma segunda a escola e se fosse constatado o problema, iria solicitar a intervenção da escola. “Eu não estava sabendo disso não, mas eu vou hoje, logo pela manhã, vou ver a situação, vou preparar um ofício vou enviar para o MP para ser resolvido o mais rápido possível. Se de imediato não for resolvido, vamos tentar interditar a escola. A nossa obrigação é zelar pela vida e saúde das nossas crianças e adolescentes e, tendo risco, a escola terá de ser fechada até resolver o problema”.
Gabriel informou que estará junto com todos os conselheiros visitando todas as escolas e creches de Piúma para saber como estão. “Temos que ver, a denúncia é feita, mas tem denúncia que não procede. Vamos visitar todas e o que for preciso, vamos tomar as medidas. Vamos ouvir a escola”.
Sobre vagas em creche, assegurou Gabriel: “Temos problema o ano inteiro, a gente cobra da Educação, promessas são feitas e nada é resolvido. Creio que hoje mais de 100 crianças aguardam vagas nas creches”.
A solução, segundo Gabriel, de imediato, a secretaria de Educação poderia alugar casas e adequando, enquanto não se constrói um centro que possa abrigar todas as crianças. “Essa visita que vamos fazer, vamos averiguar o número de cuidadores, de auxiliares, número de funcionários para fazer um trabalho preventivo para que não venha ocorrer o que houve no ano passado, pois uma criança foi mordida 13 vezes em uma creche”