PM diz que Luiz Duarte estava armado, colega de trabalho afirma que ele só foi comprar uma bucha de maconha
Tiros na escadaria da Rua Mathilde Rorh Pedroza, em Niterói acaba na morte de Luiz Gustavo.
A Polícia Militar – PM na noite deste sábado, 11, foi acionada pelo Copom para atender uma ocorrência relacionada ao tráfico de entorpecentes, na Rua Mathilde Rohr Pedroza, no bairro Niterói. Imediatamente após ser acionada pelo 190, a guarnição de Força Tática se dirigiu ao local.
De acordo com o Boletim de Ocorrência – BO da PM, as informações passadas pelo 190 davam conta que um homem mais conhecido como “MAGU” estaria vendendo drogas no bairro Niterói, mais exatamente na escadaria e rua Matilde Rohr Pedrosa, local já conhecido como ponto de venda de entorpecentes.
Além da comercialização de drogas, a denúncia relatava também que tal indivíduo estaria de posse de uma arma de fogo, assim como frequentava o local diariamente para vender drogas. Com as informações, a guarnição deslocou para próximo ao local e iniciou um patrulhamento tático a pé, pois, segundo a PM, quando criminosos que ficam no local efetuando o tráfico avistaram a viatura se aproximando fogem”.
Segundo o BO, cabo Aguilar, e os soldados César e Breda ao se aproximarem do local exato da denúncia, rua Matilde Rohr Pedrosa e escadaria viram um homem na rua ajeitando algo com volume na cintura. Tratava-se de Luiz Duarte Junior, 31 anos, morador do Buraco Quente, bairro Céu Azul.
A distância entre os militares e Luiz Duarte não permitiu a abordagem naquele momento, segundo o BO. Duarte teria se deslocado para escadaria, sendo assim a patrulha também iniciou o movimento de acompanhar no campo de visão o suspeito.
Como narra o Boletim de Ocorrência, Luiz desceu as escadas e se encontrou com um segundo indivíduo, que já estava na escadaria, um homem de cor morena, não identificado pelos policiais, com as mesmas características passadas na denúncia do COPOM.
Como descreve o Boletim confeccionado pela PM, os agentes depois de avistarem os dois homens na escadaria sentados, buscaram um posicionamento no terreno para chegar até eles e efetuar a abordagem em segurança, momento em que Aguilar e soldado César teriam observado que os dois indivíduos estavam de posse de armas de fogo. Os policiais desceram a escadaria com cautela e se aproximando dos suspeitos que se encontravam sentados na escada de costas para agentes, porém, pelo fato da escadaria estar muito bem iluminada, perceberam a presença policial e de forma simultânea, enquanto o CB Aguilar bradou “POLÍCIA, POLÍCIA”, ambos se levantaram sacando as armas que estavam, momento que para cessar a agressão, Aguilar efetuou 04 (quatro) disparos de sua arma de fogo (PT .40 carga da PMES, n° BWXH675) e o SD Cesar efetuou 01 (um) disparo de sua arma de fogo ( PT .40 carga PMES, n° BLKX158)”. (relata o BO).
A PM afirma que no momento da ação e de forma simultânea também foram efetuados disparos de arma de fogo pelos indivíduos. Luiz Duarte caiu alvejado sobre a arma que portava (revólver calibre .38 Special de numeração raspada com 3 munições intactas e 2 deflagradas) e o comparsa empreendeu fuga correndo escadas para baixo.
“A guarnição, que se abrigou na hora dos dois disparos, ao perceber Luiz Duarte no chão, progrediu em conduta de patrulha até o citado e quando constatou que estava ferido próximo ao pescoço iniciou imediatamente o socorro. Foi feito contato pelo rádio com CB Chagas que estava na viatura, e este seguiu até o local, tendo os militares carregado o ferido até a viatura e levado imediatamente para o hospital Municipal Nossa Senhora da Conceição onde Luiz Duarte chegou com vida, de acordo com o boletim de atendimento médico n° 130867, sendo realizada manobras de RCP, porém não resistiu ao ferimento e veio a óbito.
Justificou a PM que, devido a gravidade da situação e a prioridade em socorrer o ferido, não foi possível acompanhar o segundo indivíduo em fuga, contudo em um segundo momento a guarnição voltou ao local na tentativa de capturá-lo e procurar por materiais ilícitos e além de encontrar um celular de cor vermelha, constatou gotas de sangue no trajeto onde tal indivíduo moreno fugiu, não podendo precisar se era do ferimento de tal fugitivo ou não.
Já em relação aos materiais ilícitos, não foi logrado êxito em encontrar. A guarnição seguiu para a Delegacia de Plantão, a 9ª Regional em Itapemirim, onde as armas dos militares foram entregues, bem como a arma, que segundo o BO estava em posse de Luiz Duarte.
Em contato com o delegado de Piúma, dr. David Santana Gomes disse que Luiz Duarte já teve passagens pela polícia por tráfico de drogas e posse ilegal de armas, inclusive enviou foto do momento da prisão à época.
Estava comprando maconha e não estava armado
O jornal recebeu informações de que Luiz Duarte estava no local comprando uma bucha de maconha para consumo próprio e que ele não estava armado. Outra informação repassada ao jornal era de que Luiz estava trabalhando em uma empresa de construção civil, em Iriri, como ajudante de pedreiro e que, já esteve na vida do crime, mas estava fora atualmente.
“Luciana eu trabalho com este rapaz ele não tem envolvimento com o crime a tempo, ele trabalha na mesma empresa que eu trabalho, Ontem ele veio aqui para comprar uma (bucha) de maconha e ele não estava armado, pois ele nem teria necessidade de estar armando aqui em Niterói, como ele não tem inimizade na região, ele só veio comprar a substância que ele usa. Ele um dia no passado dele já teve envolvimento com o tráfico, porém, não é mais. Ele trabalha na empresa de construção civil em Iriri, uma empresa muito conhecida (Riviera Construção e Incorporadora, agora com o fato de ontem, infelizmente ficaram duas crianças órfãs, sem um pai, e a família não tem como dar um velório digno, porque eles não tem como pagar para aplicar o formol, infelizmente, amanhã o corpo dele será liberado e irá direto para o cemitério. Eu acredito na justiça de Deus e tudo será revelado não passará um til sem que virá à tona”, assegurou V. D.C. S, que pediu para não ser identificado.
Segundo V, Luiz Duarte estava descendo as escadas correndo, e a PM mandou que ele parasse, por medo, talvez ele correu. Mas, os policiais poderiam ter atirado para cima, teria evitado a morte dele.
O que a família mais quer no momento é dar um sepultamento digno a Luiz Duarte, mas eles não têm condições financeiras para custear o tratamento do corpo. Nesta segunda-feira será feita uma reunião na empresa onde ele trabalhava para ver se conseguem fazer uma vaquinha e pagar o serviço funeral dele.
Corpo ficou na Capela do Hospital mais de 12 horas
O corpo de Luiz Duarte permaneceu na Capela do Hospital em Piúma das 22h00 deste sábado até às 12h00 deste domingo a espera do rabecão para conduzi-lo ao Serviço Médico Legal – SML, em Cachoeiro de Itapemirim, fato que indignou os familiares e aumentou o sofrimento.
O SML não tem médico legista no sábado a noite, nem no domingo, realidade que acaba trazendo sofrimento em dobro para familiares que perdem seus entequeridos, por morte violenta nos fins de semana. Com a demora para realização da necropsia e o prolongamento do tempo do corpo exposto ao calor, na capela, as condições para o realização do funeral de despedida dos familiares ficam compromtetidas.
E o sofrimento da família de Luiz Duarte é de muitos outros familiares que não sabem a quem recorrer nesta hora de tanta dor, sem contar a burocracia para liberação do corpo. Primeiro, o cadáver é conduzido ao SML, no bairro Independência, depois é preciso um familiar fazer o rfeconhecimento e em seguida ir a delegacia da Polícia Civil, no bairro BNH, em Cachoeiro de Itapemirim, em outro extremo da cidade. Para quem não conhece a cidade e tem dificuldades com as condições finaceiras, o processo é longo e dolorido. Valendo lembrar que, o SML possui apenas um rabecão para todo sul do Estado, que abrange de Guarapari até a divisa com o estado do Rio de Janeiro.
Segundo informações extraoficiais, somente neste domingo pelo menos cinco corpos estavam a espera do médico legista para realização da necropsia e liberação para sepultamento.
O Corpo de Luz Duarte está previsto para ser liberado para sepultamento nesta segunda-feira, 13, pela manhã.
Moradora revoltada com o tráfico no bairro
Depois do post do Jornal no instagram informando o ocorrido no bairro, vários foram os comentários. A confeiteira Ana Maria está indignada com o tráfico em frente a casa dela, diariamente. “A verdade é que essa rua está um abandono! Um pouco caso! Só quem é morador sabe o abuso que é sofrido em suas portas! Cadê as autoridades para dar conta dessa pouca vergonha que está nas esquinas e em porta de morador? É chegando e saindo pra trabalhar, é colocando os filhos pra escola e o tráfico rolando a qualquer hora do dia na cara de pau! Não existe respeito pelo cidadão de bem que trabalha duro e quer paz, não existe crianças correndo e brincando na rua mais, por conta da omissão de quem pode resolver! O povo está farto, de saco cheio de se esconder e não ter liberdade por conta da escolha errada de muitos! Não é sobre matar, e sim sobre providências a serem tomadas por quem só assiste por câmeras! Niterói pede socorro! As famílias de bem pedem socorro! As crianças presas em casa querem ser livres para brincar. Essa rua e essas escadas são o verdadeiro inferno! Crianças e trabalhadores perderam suas liberdades!”, desabafou Ana!
Grifo nosso
O Jornal traz a notícia sempre quando ela ocorre. E já se tornou referência na região, tendo atualmente 78 mil seguidores na página do Instagram e mais de 90 mil no facebook. É comum as pessoas acessarem a página para saber se ocorreu mesmo um determinado fato.
Contudo, escrever notícias diárias é abdicar de fim de semana, noite e feriados. Mas, é gratificante ser referência em credibilidade. Quanto a esperar investigar para trazer a notícia, nenhum veículo espera conclusão de inquérito para noticiar um crime.
O fato acontece é notícia e hoje, as redes sociais estão aí o tempo todo trazendo posts em storys, reels ou lives. É o jornal quem confirma o fato. Ainda mais em tempos de fake News em alta. O desenrolar é o passo a passo.
No primeiro momento, sábado, recebemos uma ligação informando que havia um tiroteio na Rua Mathilde Rorh Pedroza. Quem nos deu a informação é uma pessoa muito respeitada no bairro e séria. Não havia qualquer motivo para imaginar que seria uma fake News.
Em seguida, várias mensagens informando que um homem teria sido baleado e morto. Fizemos uma postagem com as informações EXTRAOFICIAIS e usando o verbo no FUTURO DO PRETÉRITO, sem afirmar nada. E no final fora publicado que seria apurada a informação e o jornal traria os fatos, ouvindo as versões.
Na manhã deste domingo, uma pessoa entrou em contato com o jornal e disse que Luiz Duarte não atirou, e que estava desarmado, e teria ido ao local apenas comprar maconha. Mas a pessoa não passou os seus dados, nem nome, nem sobrenome pois teme, e foi solicitado e dado o direito de trazer a versão dela.
Ao jornal não cabe afirmar nada, porque não é testemunha do que ocorreu. Tem em mãos o resumo do Boletim de Ocorrência da PM e com estes dados foi feita a matéria.
A jornalista reside na Rua Mathilde Rorh Pedroza e jamais faltou com respeito para com as pessoas que fazem as suas escolhas. Mesmo diante de seus olhos, apenas pede que em sua porta não seja praticado nenhum delito. E sempre deixa claro que, mesmo possuindo uma rede de contatos com todas as autoridades, jamais denunciou tal prática, pois entende que as autoridades sabem como agir e têm mecanismos para efetuar o trabalho dela. O nosso trabalho é noticiar os fatos, desde que eles ocorram e jamais emitir juízo de valor ou culpar alguém.
O espaço está aberto a qualquer pessoa que queira se pronunciar sobre o assunto, de preferência que revelem suas identidades, pois para a justiça denúncia anônima, só com provas cabais. Lamentamos profundamente o ocorrido, não gostaríamos de jamais trazer esta notícia. E deixamos claro, cabe a Polícia Civil abrir o inquérito e apurar os fatos.