Presidente Kennedy – Origem do nome tem história!

Conhecido por ser destemido e muito respeitado, “seu” Afonso Costalonga foi quem batizou o município.

 

Essa é uma daquelas histórias de coronéis! Daqueles destemidos e temidos e que tinham mais respeito do que dinheiro e que podiam até não ser o prefeito, mas mandava mais que ele. Essa é a história de Presidente Kennedy, que só tem esse nome porque um desses personagens pitorescos achou que dar ao pequeno arraial recém-nascido o nome do famoso (e polêmico) presidente norte-americano, seria uma maneira de impor respeito.  O personagem em questão é o senhor Afonso Costalonga, ex-vice-prefeito e uma das figuras mais lendárias e admiradas da região que, não satisfeito em escolher o nome, foi o primeiro a desenhar o mapa do município. Depois dizem que vice-prefeito não trabalha!

Seu Afonso era vice-prefeito em Itapemirim, mas queria autonomia para buscar recursos para sua gente.  De acordo com ele, a discussão em torno do nome surgiu Assembleia Legislativa. “Lá eu disse que poderíamos passar o nome de Batalha para Presidente Kennedy em homenagem ao grande líder americano falecido pouco tempo antes da emancipação. Foi uma justa homenagem”, disse Costalonga.

 

Asfaltamento da estrada de Kennedy

 

Segundo a nora de seu Afonso, Rossana Costalonga, o Jornal LUPUS perguntou ao desbravador sobre o asfaltamento da estrada de Kennedy que ligaria à BR 101. “No Governo de Eurico Rezende será asfaltada a estrada que liga a BR 101 a sede do município, conforme foi assinado convênio para colocar energia em São Paulinho. Continuamos com o apoio do nosso deputado Antônio Jacques Soares”, declarou seu Afonso ao jornal em abril de 1981.

Rossana, que é grande admiradora do sogro, conta que tudo tinha de ser direito e sem falcatruas. Ela relatou que ele se envolvia na luta pelos benefícios para sua cidade e pelo que ele apostava. Para ele não tinha tempo ruim. Ele trabalhava diariamente e todo o seu patrimônio foi adquirido com seu esforço.

“Eu nunca conheci alguém assim! Ele era muito destemido. Quando queria alguma coisa corria atrás até conseguir e sempre dizia: “Se você, fulano, não asfaltar isso aqui, quem vai asfaltar sou eu. Eu tenho recurso, eu vou fazer, se vocês não fizerem”. Muito influente com o Governo e políticos da época, ele sempre conseguia o que queria para o município.

O olhar empreendedor de Afonso conseguia tudo o que idealizava, sem falcatruas ou politicagem.  Não aceitava, segundo Rossana, jeitinho e manobras que viessem beneficiar alguém. “Ele fazia queijo e vendia em Itapemirim, para onde ia a cavalo. Ele transformou Kennedy porque queria que o município tivesse independência”, diz Rossana, que completou emocionada: “Eu tenho orgulho do meu sogro. Ele foi um desbravador, um homem que lutou muito pela cidade de Presidente Kennedy. Ele emprestou muito dinheiro para pessoas para que elas também pudessem se emancipar financeiramente”.

Este foi o mapa desenhado pelo seu Afonso Costalonga

Com ele as coias andavam em linha reta

 

A Reportagem conversou com uma das filhas de “seu” Afonso, Geni Costalonga Jordão. Muito emocionada ela disse que por mais que o povo de Kennedy não queira reconhecer a participação do pai dela na Emancipação de Kennedy de Itapemirim, a família sabe todo o esforço e dedicação do fazendeiro na luta pelo desmembramento.

E Geni foi categórica, afirmou que o pai não gostava de ilegalidade, com ele as coisas tinham de ser correta. Se ele visse a corrupção que está o país hoje, não suportaria, iria se meter. “Meu pai era um homem respeitado, o que ele falava o povo seguia, ele ia ao governador e fazia os pedidos pessoalmente e tinha de atendê-lo. Ele batia na mesa, arrancava a toalha, era bravo. No começo da vida, ele foi delegado dessa cidade quando ainda era distrito de Itapemirim. Se não fosse pelos esforços dele Kennedy não teria sido desmembrado”.

Para a filha de “seu” Afonso ele era um pai-herói.  “Meu pai herói, não tinha grau de escolaridade, mas era super inteligente, lia todos os jornais na época para saber o que ocorria no Brasil e no mundo. Ele era muito correto. Se ele visse essa corrupção de hoje, ele ia dar um colapso. Com ele não tinha essa conversa, dava soco em cima da mesa, arrancava a toalha, brigava. Não tinha tempo ruim para ele, naquela Selita, ele colocava os bens dele em jogo, avalizava e tinha que andar na linha. Houve uma reunião em uma ocasião que queriam que ele concordasse com algo que não era legal. Ele quase agarrou no pescoço do homem. A última palavra era dele”.

Construiu a própria fortuna com o suor do seu rosto, mas a simplicidade era sua maior característica. “Tinha muitos empregados e tratava todos com igualdade. Quando chegavam aqueles grandalhões políticos e ele estava no curral, ao perguntavam por ele, dizia: ‘sou eu mesmo’, ou brincava, ele saiu, o pessoal ficava impressionado. Era confundido com empregados, vestia calças remendadas e rasgadas”.

Os genros era ele quem escolhia, não tinha essa. As filhas só casavam com o consentimento dele. “Era ele quem escolhia os namorados para nós, e tinha que casar no dia em que ele marcasse, se não concordasse, não tinha casamento, o pau quebrava, ele investigava a família do noivo, ele era fogo, vigiava tudo. Os filhos homens dele cortavam um dobrado perto dele, nunca fumaram um cigarro na frente do pai. Era tudo na linha reta, tinha que cortar em linha reta”.

 

Nesta foto, seu Afonso Costalonga está ladeado de políticos influentes da época, entre esses, Valdir Alves, ex-prefeito e Itapemirim, pai do prefeito Dr. Luciano

 

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