Robotização e novas habilidades marcam a indústria do futuro
O que esperar do cenário pós-pandemia? Essa é uma pergunta que tem se
tornado frequente nos últimos meses, devido às políticas adotadas para
conter o avanço da Covid-19, como o isolamento social, que tem levado
diversas empresas a mudar sua dinâmica de trabalho.
Diante de muitas incertezas, especialistas apontam que o que chamávamos
de futuro do trabalho já é uma realidade, com diversos países já
avançando no processo de automatização e robotização dos processos. E
que não devemos temer essas mudanças, como apontou
Joseph Teperman, palestrante convidado da live “Futuro da Indústria”,
promovida nesta segunda-feira (25), pela Findes via Youtube em
celebração ao Dia da Indústria.
Em bate-papo com o economista-chefe da federação e diretor
executivo do Ideies, Marcelo Saintive, Teperman mostrou um fato que vai
na contramão de todas as dúvidas levantadas quanto ao processo de
robotização e automação dos processos produtivos – e também
em outras áreas da sociedade: não haverá desemprego, mas sim uma
transformação das profissões. Entretanto, o Brasil tem um longo caminho
pela frente.
Segundo dados do International Federation of Robotics (IFR),
trazidos por Teperman, enquanto a média global é de 85 robôs a cada 10
mil trabalhadores, o Brasil figura com apenas 10 robôs a cada 10 mil
trabalhadores. A Coreia do Sul ocupa a dianteira do
processo de robotização com 710 robôs a cada 10 mil trabalhadores. A
China possui 97, com a promessa de ainda esse ano entrar para o Top Ten,
possuindo mais de 132 robôs a cada 10 mil trabalhadores.
E quanto ao desemprego? Comparado a Coreia do Sul e a China, o
desemprego no Brasil é muito maior do que nesses países. Em 2018, nós
registramos uma taxa de desemprego de 12%, enquanto os países orientais
registraram 3,7% e 4,7% respectivamente.
“Em 1990, o Brasil tinha um PIB per capita sete vezes maior do que o
da China. Nos últimos anos, eles estão se robotizando e usando muito
mais inteligência artificial do que a gente. Eles passaram a gente em
PIB per capita, ajustado ao poder de paridade
de compra e vai deixar a gente comendo poeira. Quem está causando o
desemprego não é a robotização”, apontou Teperman.
O palestrante mostrou como a robotização já vem sendo utilizada no
cenário de pandemia, ajudando no processo de isolamento social em
indústrias e também na área de saúde. Na China, por exemplo, robôs têm
sido utilizados para medir a temperatura de passageiros
que passam pelo aeroporto do país.
Durante a conversa, Saintive ressaltou que as tarefas rotineiras são as
que tendem a ser automatizadas. “É uma questão complexa para nós,
economistas, saber quem vai ser dar bem por ter uma capacidade maior
para interagir com os robôs, e aquela parcela maior
da sociedade que não possuem essas habilidades necessária para fazer
gerar resultados e pensar em soluções para os problemas. Estamos ainda
tentando entender melhor essa nova dinâmica do trabalho”, avaliou.
Assista a live clicando aqui.
Caminhos
Diante as mudanças no mundo do trabalho, Joseph Teperman aponta que
novas habilidades são necessárias para se manter ativo e atualizado no
mercado, como adaptabilidade e a capacidade de agir diante às
adversidades, o ser proativo e abraçar mudanças, sendo
nós mesmos criadores do nosso próprio futuro.
Sócio-fundador de uma consultoria de recrutamento, a INNITI, Joseph
Teperman ressalta ainda que buscar o propósito tem sido um ponto-chave
para se adaptar nas mudanças rápidas que vem acontecendo no mundo.
“A palavra Carreira vem do latim Carraria e significa caminho
estreito. Muitas pessoas têm seguido esse caminho estreito e, diante das
mudanças rápidas do mundo, algumas dessas pessoas ficam para trás e
entram em estado de desespero, porque não participaram
da vida de uma forma ampla. Há 15 anos recebo pessoas na sala de
entrevista que relatam sentir um vazio muito grande, de tentar buscar
significado e propósito”, conta Teperman.
No bate-papo, ele apontou cinco soluções – chamadas por ele de antídoto – para essa situação. Confira!
1 – Aprendizado constante
O chamado lifelong learning é a capacidade de aprender
constantemente. O conceito aborda a necessidade dos indivíduos
manterem-se constantemente estudando e se desenvolvendo, como forma de
acompanhar e se destacar neste mundo em constante transformação.
2 – Ter um plano A, B, C…
3 – Não se prenda ao diploma
Aqui ele faz uma provocação: “Você acredita no seu diploma ou que pode fazer qualquer coisa?”.
4 – Aproveite a crise
O palestrante aponta que grandes empresas do mundo digital
cresceram em meio a crises e necessidade de adaptação para atender ao
mercado consumidor. Casos como Instagram, Uber, Airbnb, Netflix,
Facebook, Alibaba e a criação dos Bitcoins.
5 – Respeita a sua ancestralidade
Neste ponto, Teperman ressalta que o ser humano é empreendedor por
natureza, em uma comparação histórica com a evolução do homem. Por isso,
é necessário enxergar as oportunidades e se adaptar as mudanças. Ele
também faz a provocação: “Em algum momento da história,
colocaram na nossa cabeça que não somos capazes de trabalhar, se
ninguém nos der um emprego. Convido vocês a apagarem a palavra
desemprego do vocabulário de vocês.”