Tia Rose, um adeus com lágrimas e muitas saudades
“Tia Rose porque era muito querida, cativava as crianças, se fazia criança, o carinho ficou em toda comunidade, assim a cidade a chamava. Será nossa eterna Tia Rose. A única vez que a vimos séria, é aqui, no caixão”, salientou a ex-diretora Eliane de Mello
No último dia 15, Presidente Kennedy foi surpreendido com a triste notícia do acidente motociclístico, na comunidade de Criador que levou a Professora Rosemary Rodrigues da Silva a lutar por três dias contra a morte. Um coágulo no cérebro e complicações não permitiu que Rose sobrevivesse. Na tarde de quarta, dia 18, ela faleceu na Santa Casa de Misericórdia em Cachoeiro de Itapemirim.
Durante o velório, centenas de pessoas foram se despedir da Tia Rose, como ficou conhecida na cidade, pelo carisma e jeito com que lidava com os alunos, colegas e amigos.
Um grupo de professores prestou a última homenagem a ela, em meio a lágrimas. “Não acreditamos que aquela alegria iria se apagar naquele dia 15”. Você sempre alegre, sempre por perto com seu abraço e nunca se cansava de dizer a todos, eu te amo, eu gosto muito de você.
Você sempre foi excelente professora, conselheira, amiga e companheira de todas as horas. Você, Tia Rose sempre foi mãe protetora, carinhosa e presente. Hoje a saudade nos faz mais uma visita, mas não vem acompanhada só de tristeza. Com os corações mais confortáveis dedicamos esse dia para lembrar os bons momentos que foram partilhados ao seu lado.
Que a dor da nossa perda possa ser diminuída um pouquinho a cada dia, mas nunca esquecida. O vazio que ficou jamais será preenchido, mas com a paz de Deus em nossos corações será menos difícil. A sua história Tia Rose, marcará nossas vidas. Nós professores lamentamos a sua ausência e sentiremos falta daquela alegria que deixou marcas no seu aniversário, quarta-feira, onde passamos juntos na escola. Você será para sempre nossa Tia Rose”, – homenagem dos professores da Escola Estadual de Kennedy.
Amigas há 30 anos
A ex-diretora da EEEFM Presidente Kennedy, Maria de Jesus Tamiasso, era mais que companheira de 30 anos de trabalho. Eram amigas íntimas. Coube a Maria escolher a roupa para que Rose fosse sepultada. Coube a ela a difícil tarefa de esperar uma noite inteira pela liberação do corpo para o IML.
Maria estava silenciosa e muito triste. “Rose foi uma amiga aos extremos, em todos os momentos, em qualquer situação que você passasse ela estava do seu lado. Muito minha amiga e confiava muito em mim. Foi mais que uma relação de diretora e professora. Ultrapassou os limites da profissão. Sempre resgatando Rose, ela tinha momento de depressão muito sério, mas ela sorria sempre. Nunca teve qualquer problema com alunos. Ela era amiga e colega das crianças, uma amizade muito estreita. É uma dor muito grande hoje, que vai passar, mas vai ficar saudades. Vamos ter muita coisa para recordar. A escola está mais triste”.
Estava feliz e ia se aposentar
A professora Dilzerly Machado Tinoco, que trabalhou com Rose há mais de 10 anos afirma que, Rose foi uma das primeiras professoras que estão completando 30 anos de serviço. “Rose enfrentou os interiores, ela morou em escola para dar aula. Quem não foi aluno de Tia Rose em Kennedy? Ela veio para esse município muito novinha. Andava a cavalo, de carona para ir da aula. Ela era da velha guarda da educação, ensinava por amor. Estava feliz, ia se aposentar na segunda-feira, 23. Estava muito serena, muito alegre, ela tinha encontrado muita paz. Rose era do tempo que além de dar aula fazia merenda. Estava muito calma, determinada a se doar ainda mais. Ela deixou um vazio que não será preenchido”, ressaltou.
Conheceu as comunidades para vivenciar os alunos
O professor de Campos de Biologia Vinícius Ferreira, de Campos, terra natal de Rose, está em Kennedy há dois anos e chorou demais ao se despedir da amiga. “Ela foi a primeira professora a me acolher na escola em meio a um ambiente meio hostil, me apresentou toda a comunidade que ela amava surpreendentemente. Era indescritível o que sentia por essa terra. Eu aprendi muita coisa com ela, a amar os alunos, abraçá-los e conhecer a realidade deles. Rose me levou a cada canto dessa cidade para que eu pudesse conhecer a realidade onde eles moravam, o que eles viviam. Eram quase três décadas de educação, ela tinha mesmo o que me ensinar. Ajudou a fundar o Conselho Tutelar, mesmo não sendo essa cidade natal, nós devemos muito a ela. Em dois anos que a conhecia, era incrível… A alegria como via e abraçava a todos, do mais rico ao mais humilde. Tinha um sorriso 24 horas. Era o que a salvava em meio a apatia em alguns momentos. Eu devo tudo que sei daqui a ela”.
Prefeita Amanda foi aluna
Ex-aluna de Rose, a prefeita Amanda Quinta não segurou as lágrimas. “Ela foi minha professora de Matemática. O carinho que tinha por todos os alunos, a emoção que sentia em dar aula, de passar o que ela sabia nada compensava. Aprendi muito com ela. Sempre conversava, explicava, nos momentos de dificuldades ela sabia como conduzir. Hoje nossas escolas estão de luto em homenagem a essa professora que tanto contribuiu para a história do município. A cidade fica de luto. São muitos anos que a educadora deu aula aqui. Tia Rose fica para sempre em nossos corações”, ressaltou Amanda Quinta.
A Reportagem conversou com as pedagogas, Márcia Lúcio, Eliane de Mello Viana e Mônica de Oréchio, todas foram unânimes em afirmar, Tia Rose era chamada assim pelas crianças, pelos adultos, e também pelos colegas de profissão, o carinho da professora trazia os alunos para o aprendizado, todos a amavam e jamais teve qualquer problema em sala de aula. A morte de Rose deixou um vazio na cidade, que estava acostumada com a alegria dela, em todos os eventos e o abraço que fazia questão de dar em todas as pessoas que passavam por ela. O sepultamento foi no Cemitério Municipal de Presidente Kennedy, na tarde de 5ª feira, 18.
Foto: Rose //// Foto Luciana Maximo
Legenda: Tia Rose, assim ficou conhecida em Presidente Kennedy, carinho foi a marca dessa professora que estava com tudo pronto para se aposentar