Um policial à porta da escola, uma faca ou uma pistola na mochila do seu filho (a)?
O textão é de opinião, é o que eu penso. Se não tiver tempo, não leia.
Os ataques às escolas se tornaram muito comuns nestes últimos tempos, e, até bem pouco tempo, era comum assistir na televisão essas coisas acontecendo nos Estados Unidos, parecia que, aqui no Brasil, nós não iríamos ver nos noticiários.
Como poderíamos imaginar que, um filho de um policial militar poderia pegar as armas do pai, uma pistola automática, um revólver calibre 38, um alicate especial, cuja função é a de abrir cadeados ou fechaduras, invadir duas escolas e matar 4 pessoas?
Eram presentes, os pais deste adolescente, que não perceberam em nenhum momento que o filho planejava, dentro de casa, o ataque, há pelo menos dois anos? O adolescente sabia dirigir e soube, também, camuflar a placa do carro para que ninguém fosse capaz de descobrir de quem era.
Os pais chegaram, em algum momento, a observar o que o adolescente fazia no computador, dentro de casa? Provavelmente, dentro do quarto fechado? Teriam sido os pais que compraram a roupa camuflada para o filho? Ou liberam o cartão de crédito, não exigiram a nota fiscal e não viram a fatura? Ou dão mesadas e o filho compra e consome o que quer?
O adolescente demonstrou que sabia atirar, ele teria aprendido tais técnicas assistindo vídeos de um you tuber? O assunto parece ter silenciado, e, agora, tudo se volta à segurança das escolas e ao ataque de Blumenau, Santa Catarina.
O governador do Estado do Espírito Santo anunciou a contratação de 300 profissionais, entre psicólogos e assistentes sociais, e descartou a possibilidade de haver viaturas e policiais armados nas portas das escolas, é um caminho.
Eu até concordo que, semelhante à segurança das escolas estaduais do ES, com portões eletrônicos e vigilantes, as escolas municipais também tenham, e acredito que é possível sim, o orçamento da educação fica com 25% da arrecadação do município, se organizar para tal contratação de uma empresa especializada, ou mesmo, uma contratação em designação temporária, quem sabe ajudaria muito. Mas, não creio que vá evitar quem está planejando matar, que certamente, vai tentar de alguma forma driblar a segurança.
Todavia, eu acredito que o problema maior que tem levado a estes ataques, não é a ausência da segurança na porta das escolas, é dentro de casa que nascem os conflitos.
Em 2008 na minha primeira pós-graduação, Gestão Escolar eu defendi a tese de que o FRACASSO ESCOLAR É RESULTADO DESESTRUTURA DA FAMÍLIA.
Eu não quero aqui dizer que os senhores pais e mães não saibam educar os seus filhos, uma vez que, nem filhos nascidos de mim eu tenho. Mas, deixo aqui algumas perguntas, simples:
Quanto tempo reserva para estudar com o seu filho (a) em casa? Quanto tempo tem para conversar, para responder perguntas, para contar histórias, para ver um filme, ou mesmo para orar, rezar, se alimentar juntos, sentados à mesma mesa?
Já parou para analisar se o seu filho está sofrendo calado? Como tem sido o seu relacionamento com a sua família? Tem trabalhado muito e não dá tempo de acompanhar os filhos, deixam por conta de babás?
O seu filho ou filha perdeu o interesse pela escola?
Já deu um videogame de presente, um celular, um tablet, um computador? Liberou o Wi-fi? Quanto tempo e o que eles fazem com o celular, ou que tipo de jogos eles brincam no computador ou no videogame?
Quais as tarefas que eles têm diariamente?
Estudar um plano de segurança, ou exigir uma viatura da Polícia Militar para ficar na porta da escola da escola, pode até parecer que vai evitar um ataque, mas se não houver cães farejadores que detectem armas nas mochilas, facas, ou cães farejadores em casa, para que observem o comportamento ‘dos nossos filhos’, já que ‘eu’ não tenho tempo para tal obrigação que é ‘minha’, caros papais e mamães, sinto muito, não vai adiantar. Não vai adiantar policiais, seguranças, câmeras…
Roupas camufladas, símbolo nazistas, máscaras de caveiras, armas, tudo isso pode ser encontrado dentro de casa, nos armários deles. Talvez, não seja necessário encontrar nenhuma arma, nenhuma máscara, e nenhum símbolo nazista, se os papais e mamães, de fato, fizeram os seus papéis e estiverem realmente com os seus filhos.
Muitos estão doentes, e sem o devido tratamento. Eu sei que a pandemia adoeceu muita gente e foi nela que nossas crianças aprenderam mais, quando passamos mais tempo com eles. Fizemos juntos todas as tarefas da escola, assistimos juntos os filmes e séries…
Em seguida, percebemos um comportamento diferente no nosso menino, imediatamente, traçamos um plano de intervenção. Fiz renúncias, decidi que não contrataria mais babá, eu ficaria com eles até a hora da escola, todos os dias. E juntos, a gente cumpre todos os dias a tarefa que é de todos nós, de casa. Eu percebi que faltava, com ele, mais mimo, mais atenção, mais diálogo, mais presença.
Nossos filhos que não nasceram de nós têm notas excelentes na escola, e sabem que, antes de sair de casa, a mochila será revistada, e se tiver um lápis que não seja deles, vai devolver, sob a nossa escolta.
Eu não acredito que, polícia em porta de escola, resolva o problema que começa dentro de casa, eu aposto em um plano de intervenção em cada casa, onde haja diálogo, respeito, tolerância, renúncia, tempo para o outro, exemplo e amor. Enquanto houver apenas Deus no Centro de tudo e, armas nas mãos, intolerância, desrespeito, preconceito, violência doméstica, traição, abuso sexual infanto-juvenil, estupros consentidos, machismo, excesso de limites; o caos ronda todas as escolas. Infelizmente, não haverá nenhum efetivo que dê conta!
E, então, eu volto ao título deste texto: um policial na porta da escola, uma faca, ou uma pistola na mochila do seu filho (a)?