Vaquinha milionária em Anchieta: vereadora denuncia pagamento milionário a procuradores municipais envolvidos em acordo controverso com Samarco

Em Anchieta uma nova polêmica surge. A vereadora Márcia Cypriano Assad (Podemos) trouxe à tona durante uma sessão da Câmara Municipal, realizada nesta terça-feira (17), uma situação que chamou de “vaquinha milionária”. Trata-se de um pagamento de R$ 4.255.000,00, distribuído entre 15 procuradores municipais e o controlador geral da cidade. O detalhe que intensifica o debate é que todos os beneficiados são comissionados pelo prefeito Fabrício Petri (PSB).

O montante milionário teve origem em um acordo entre a Prefeitura de Anchieta e a mineradora Samarco, que devia cerca de R$ 180 milhões ao município. No entanto, a Prefeitura renunciou a metade dessa dívida, ficando com apenas R$ 90 milhões, o que gerou descontentamento entre membros da oposição e parte da população. Cada um dos procuradores recebeu cerca de R$ 270 mil como parte do acordo, valor que a vereadora questiona em termos de legalidade e transparência.

Márcia Cypriano realizou uma pesquisa no portal da transparência eleitoral, o Divulga Cand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde descobriu que alguns desses procuradores, que receberam o valor milionário, doaram para a campanha de reeleição do prefeito Petri em 2020. “Se eles não tivessem recebido essa bolada, eles doariam?”, questionou a vereadora durante a sessão.

Outro ponto que levantou suspeitas foi a ligação desses procuradores com o atual candidato apoiado por Petri, Léo Português (PSB), ex-secretário de Obras. Para a vereadora, há indícios de que os pagamentos milionários e as doações de campanha estão diretamente conectados, o que comprometeria a lisura do processo eleitoral local.

No Portal da Transparência da Prefeitura de Anchieta, não há detalhes sobre o acordo milionário firmado com a Samarco, o que reforça as críticas da vereadora sobre a falta de transparência na gestão do município. Márcia também destacou que, em 2019, o acordo não foi submetido à apreciação da Câmara Municipal, uma ação que considera irregular e prejudicial aos interesses da cidade.

Enquanto isso, o silêncio dos vereadores aliados ao prefeito durante a sessão chamou atenção. Renato Lorencine (União Brasil), candidato a vice-prefeito na chapa de Petri, e Serginho de Jesus (PSB), líder do prefeito na Câmara, optaram por não se pronunciar, atitude que foi criticada por membros da oposição.

Márcia Cypriano afirmou que já está tomando medidas judiciais sobre o acordo e a distribuição dos honorários, destacando a disparidade entre os investimentos milionários para procuradores e a carência de serviços essenciais, como a saúde. “É triste ver um município sem médicos especializados, enquanto se fecham acordos milionários cercados de mistério”, lamentou a vereadora.

As críticas à gestão Petri e ao acordo com a Samarco estão ganhando força, especialmente com as eleições municipais se aproximando. A fala completa da vereadora pode ser conferida no site oficial da Câmara Municipal de Anchieta e nas redes sociais da parlamentar, que já solicitou uma investigação mais aprofundada sobre o caso.

Atualização 19/09/24 às 14h: A Samarco informa que a transação tributária firmada com o município de Anchieta em 2019 referente a débitos de IPTU foi realizada nos termos da lei e com homologação do Poder Judiciário.

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