VÍDEO: agricultor de Mimoso do Sul aguarda cirurgia há oito anos em meio a dor, sofrimento e desespero

 A dor de seu Sebastião comoveu a jornalista Luciana Maximo que o entrevistou após ele passar por mais uma consulta ortopédica. O que ele necessita é de uma cirurgia de quadril urgente. Ele já pagou aos cofres públicos mais de R$700.000.00 em impostos. Sob cada saca de café colheu de sua roça não menos que 17% de tributos. Ele só precisa de dignidade para continuar a tocar a vida.  

Aos 66 anos, Sebastião Virgílio Mateine enfrenta uma saga de dor e desespero que já dura quase uma década. Natural de Mimoso do Sul e atualmente residindo na Fazenda Reserva, em Conceição de Muqui, ele vive uma situação crítica após uma enchente carregar duas de suas casas e matar duas colonas (mulheres que tocavam a lavoura de café) e a falta de uma cirurgia essencial agravar seu sofrimento.

Uma Vida Devastada Pela Enchente

Sebastião sente dores todos os dias há quatro anos

Nascido e criado em Mimoso, ele viu sua vida mudar drasticamente quando uma enchente destruiu duas casas na Fazenda Reserva, onde morava. “Levou minhas duas casas, matou as minhas colonas. A situação ficou insustentável,” conta ele, relembrando a tragédia que o deixou sem condições de trabalhar.

Há oito anos, Sebastião sofre com um problema grave no quadril, fruto de desgaste pelo trabalho árduo na lavoura. Incapaz de se locomover adequadamente, ele se vê prisioneiro dentro de sua própria casa. Ele disse que agarra na grade da janela e passa o dia olhando pela janela, o dia nascer e ir embora.  “Eu não tenho condição mais, minha senhora, de sentar no vaso para fazer a necessidade,” desabafa, relatando que há quatro anos não consegue dormir devido às dores constantes.

A espera por uma cirurgia se tornou uma verdadeira maratona de obstáculos. Sebastião tentou realizar o procedimento no Hospital no Hospital Evangélico de Vila Velha, mas a burocracia e a pandemia de Covid-19 frustraram seus esforços. “Ligaram para mim e me deram um prazo de 12 horas para eu chegar lá no hospital com todos os exames prontos, mas era impossível para mim,” relata. “Depois veio a pandemia e acabou tudo.”

A Luta Contra o Tempo e a Indiferença

O agricultor pede apenas um direito, uma cirurgia

Sebastião não perdeu apenas sua capacidade de trabalhar, mas também sua esperança em um sistema de saúde que deveria ampará-lo. Ele já passou por cinco pré-operatórios sem sucesso e gasta quantias significativas com exames. “O primeiro pré-operatório que eu fiz, eu gastei tudo quanto é possível que eu tinha,” lamenta.

A deterioração de seu quadro de saúde é evidente. “O osso do meu quadril já desceu, fez um gancho na minha perna, eu não consigo sentar, não consigo andar,” descreve, com a voz marcada pela dor e pela frustração.

O jornal entrou em contato com a Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim para obter informações sobre a marcação da cirurgia de Sebastião e outras eletivas que estão aguardando, nesta semana o setor de ortopedia ligou para vários pacientes e solicitou a realização dos exames para marcar as cirurgias. Um ortopedista disse que a Santa Casa estava se organizando, uma vez que, haviam muitos pacientes em situação de urgência e emergência, vítimas de acidentes por exemplo.  

Nesta sexta-feira, 14, o agricultor passou por consulta na ortopedia e já realizou o RX e a tomografia para que seja agendada a sua cirurgia.

Enquanto os exames ficam prontos novamente, Sebastião aguarda ansiosamente por uma solução que lhe devolva a dignidade e a capacidade de viver sem dor.

“Eu já pensei em tirar minha própria vida, mas tenho fé em Deus,” confessa Sebastião, que também é ministro da igreja local há 24 anos. Sua história é um apelo para que as autoridades de saúde e o governo estadual intervenham urgentemente, garantindo que ele e tantos outros possam ter acesso ao tratamento que merecem.

Sebastião Virgílio Mateine representa milhares de brasileiros que sofrem em silêncio, à espera de uma resposta do sistema de saúde.

A luta de Sebastião continua, contudo, sua esperança de uma vida melhor permanece viva. “Eu acho que eu tenho direito de viver uma velhice melhor um bocadinho,” diz ele.

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