Muda o comando da Delegacia Civil de Piúma

Geraldo Peçanha sai, deixando um saldo de mais de 200 bandidos apreendidos. Sua missão foi cumprida na região. Entra Felipe Brandão, vindo de Muniz Freire

O delegado Geraldo Peçanha deixou o comando da Delegacia Civil de Piúma depois de um ano e quatro meses de atuação. Ele passa a assumir a Delegacia de Domingos Martins. Em seu lugar, vindo de Muniz Freire, assume Felipe Brandão.

Durante o período em que esteve em Piúma, o delegado Geraldo Peçanha prestou relevantes trabalhos à sociedade, colocando atrás das grades mais de 210 bandidos, com mandados de busca e apreensão e autos de flagrante, entre eles, acusados de tráfico de alta periculosidade. Com as prisões, vários homicídios acabaram sendo evitados no município. “Se não fosse a prisão desses traficantes e homicidas, o número de assassinatos seria assustador e até estaria fora de controle. Nós chegamos a prender muitos desses criminosos predestinados a executar pessoas. Nós antecipamos, por exemplo, a apreensão do ‘Jefinho’, que vinha do Rio de Janeiro com milicianos com a intenção de executar devedores do tráfico. ‘Lucas Sorriso’ foi outro caso parecido, pois estava pronto para executar a ex-companheira e um casal. Enfim, foram várias prisões que permitiram interceptar ocorrência de vários homicídios”, relembrou.

O sucesso do trabalho realizado pelo delegado se dá pela parceria e apoio do Judiciário, Ministério Público (MP) e Polícia Militar (PM). Pelo menos 190 mandados de prisão foram cumpridos em Piúma, e outras 20 prisões foram realizadas na cidade, a partir de mandados judiciais de outros Estados.

Pelo menos 600 quilos de maconha foram apreendidos, além de muita quantidade de crack e cocaína, entre outras drogas bem como armas e apreensão de veículos roubados.

Somente neste ano de 2016 foram contabilizados na cidade 11 homicídios e um latrocínio, desses, apenas quatro investigações estão em curso. “Quando assumimos nosso compromisso com a sociedade era para trazer mais tranquilidade ao município. Durante esse período, concentramos as investigações nos maiores traficantes do município, o que resultou na prisão de quase todos. Alguns coordenavam o tráfico das prisões. Muitas pessoas de Guarapari, Vila Velha, Itapemirim e Cachoeiro de Itapemirim também foram presas quando se dirigiam a Piúma para estabelecer bocas de fumo”, revelou.

 

Grandes traficantes

 

Peçanha destacou, durante a entrevista, a prisão de ‘Cabeça’, acusado de liderar o tráfico na região das Areias, no bairro Itaputanga, ocasionando a queda do número de homicídios na localidade. “Com a prisão de ‘Cabeça’ e da mulher dele, que continuava praticando o crime direcionado por ele, mesmo de dentro da cadeia, com certeza a tranquilidade passou a ser maior”, destacou.

 

Oportunamente, o delegado ressaltou outras prisões importantes, de assaltantes, que foram realizadas. “Grandes roubos vêm ocorrendo nos últimos meses, mas vários autores de crimes de roubo já estão presos. No último dia 25 de novembro, em um trabalho conjunto com a PM, efetuamos a prisão de um dos autores de dois roubos grandes em Piúma. Posso citar o da Casa Lotérica, em outubro, e da Loja de Telefone, em setembro. Um dos autores foi preso com uma arma com numeração raspada e grande quantidade de drogas”, enfatizou.

 

Apreensão de drogas

 

Outro caso relembrado pelo delegado foi a prisão de ‘Ediones’ quando tentava transportar cerca de 300 quilos de drogas para Piúma, mas acabou deixando 260 quilos na cidade de Campos dos Goytacazes, levando, então, 40 quilos para Piúma. “Teve casos de drogas apreendidas até mesmo fora do Estado. Um dos casos foi o de um traficante que ia buscar a droga em Mato Grosso e foi apreendido em Minas Gerais, na cidade de Uberaba, no mês de maio. Com este elemento, que já estava comandando o tráfico em lugar do ‘Ediones’, no bairro Céu Azul, foram apreendidos 400 quilos de maconha. Interceptamos em Uberaba porque parte do carregamento da droga ficaria na cidade de Araxá”, revelou Peçanha.

 

O estrangulamento da mãe e o latrocínio de Peterson

 

Tão logo assumiu a delegacia em Piúma, em julho de 2015, o delegado Peçanha assumiu a investigação do bárbaro assassinato de Eliana Morais Moreira, de 51 anos, estrangulada pelo próprio filho, o estudante de Educação Física Gabriel Morais Moreira, que além de decapitar a mãe, ainda arrancou seus olhos e os atirou no mar. “Naquele caso, a perícia foi fundamental para a apuração do crime, pois foi encontrada a existência de sangue no local do crime, o que auxiliou para que pudéssemos representar pela prisão e, assim, conseguir a confissão do crime”, recordou.

 

O caso do assassinato do professor Peterson Calenzani também teve o caso encerrado. “Foi concluído e encaminhado à Justiça com o indiciamento de um maior e um menor de idade, que acabou ficando internado definitivamente. Para o maior, não arrecadamos elementos suficientes para que fosse indiciado como autor ou coautor. Não houve provas contundentes, apesar de encontrarmos uma camisa suja de sangue, que ele alega ter sido usada pelos dois. No dia do recolhimento do corpo do Peterson a camisa não estava no local, mas depois apareceu misteriosamente. Foi uma prova muito frágil para se acusar uma pessoa de latrocínio”, explicou.

 

Avaliação

 

Perguntado pela reportagem sobre a avaliação que faz de sua atuação no balneário, Peçanha foi enfático: “Avalio esse período em Piúma como muito positivo, porque além de colocar grandes traficantes que estavam mandando matar, também pudemos levar tranquilidade à população de Piúma que estava clamando por isso há muito tempo”.

 

Afirmou, ainda, que durante o período que esteve à frente da Delegacia contou com a ajuda da população. “A PC está com o quadro bem restrito e nós precisamos do apoio da população no sentido de denunciar, pois muita coisa a polícia não fica sabendo. A população tem contribuído muito”.